terça-feira, 5 de janeiro de 2016

ENTREVISTA COM...ANTÓNIO GARCIA. O ALFAIATE.

Em 2015 efectuámos e publicámos na edição impressa do jornal, duas grandes entrevistas de "artistas" da nossa terra. 
António José Garcia é alfaiate diplomado desde 27 de Julho de 1973 pela Escola Técnica de Corte para Alfaiates e Camiseiros em Lisboa. "Tozé o alfaiate" como é conhecido, reside em Folhadosa na Rua do Coruche, uma rua estreita que dá acesso ao seu atelier junto ao largo principal da aldeia, onde cria as suas próprias peças à medida dos seus clientes. O jornal Letras do Alva veio ao seu encontro e de uma agradável conversa resultou a entrevista que vos apresentamos.

LA – António José é Folhadosense de gema?
AJ – Nascido e criado desde 1947.
LA – Há quanto tempo trabalha neste ramo da alfaiataria?
AJ – Aproximadamente há 40 anos. Aprendi com um alfaiate em S. Romão e quando tinha 32 anos estabeleci-me por conta própria também em S. Romão. Já lá vão 36 anos. Antigamente era tudo feito de forma manual, era tudo muito diferente.
LA – Teve o negócio aberto muito tempo em S. Romão?
AJ – Algum tempo, não muito porque começaram a surgir as lojas de roupa e a arte teve um declínio. A partir daí começámos a ter menos trabalho e começaram-me a procurar outro género de clientes, nomeadamente pessoas ligadas a ranchos folclóricos que me procuravam para lhes fazer os trajes. Fiz trajes para o rancho de Arganil e para tantos outros aqui do interior do País. Ainda hoje faço muitas calças, fatos já não tanto.
LA – Há quanto tempo trabalha com o burel?
AJ – Há cerca de 10 anos, desde que fracassou a alfaiataria. Participo em feiras de artesanato para divulgar o meu trabalho e arranjar novos clientes.
LA – Como surgiu a ideia de trabalhar com o burel?
AJ – Desde que fui “obrigado” a inovar.
LA – Que género de trabalhos faz em burel e quais os que mais lhe pedem?
AJ – Os trajes para os ranchos folclóricos, capas alentejanas, capas de pastores, capas para adorno de garrafas e casacos em racha.
LA – Qual a diferença entre o burel e a racha?
AJ – Há muita gente a confundir burel com tecido racha. A racha é este padrão aos quadradinhos castanhos e brancos. O burel é castanho e é mais grosso.
LA – Já fez alguma exposição dos seus trabalhos?
AJ – Pode-se dizer que sim. Já percorri muitas feiras pelo interior do País.
LA – E os fatos? Ainda faz muitos fatos?
AJ – Fatos faço poucos. As pessoas preferem comprá-los já feitos nas lojas dos shoppings. Os clientes que me pedem fatos têm uma fisionomia muito própria. Agora faço mais é calças. De qualquer maneira os meus fatos são todos feitos de forma artesanal e normalmente demoro uma semana a fazer um fato.
LA – Que outros trabalhos faz além do burel, dos fatos e das calças?
AJ – Tenho máquina de cozer cabedal. Já fiz um blusão em cabedal. Faço bainhas. Também tenho uma máquina própria para fazer bainhas. Aperto e componho fatos e outros arranjos.
LA – O seu atelier acaba quase por ser um museu ao vivo. Gosta de receber visitas? Como é que as pessoas o podem contactar?
AJ – Gosto muito de receber pessoas curiosas por saberem mais sobre a minha arte. Quem me quiser visitar basta vir até Folhadosa e perguntar pelo Tozé Alfaiate e vai-me encontrar na rua do Coruche porta n.º 2 ou então também me podem contactar através do telefone 238 901 022 que terei todo o gosto em partilhar a minha história de vida e as curiosidades da minha profissão.
LA – Sr. António foi um prazer conversar consigo e desejo-lhe muitas felicidades e sucessos para a sua vida pessoal e profissional.
Entrevistador: Luis Silva

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